segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Saudoso verão!

Não sei por quê, mas é simplesmente estranha para mim a ideia de verão. Não consigo compreender a explosão que se dá dentro de nós simplesmente devido à chegada do calor, o calor que nos faz suar por toda a pele, derretendo-nos por fora e por dentro, trazendo-nos em catastróficas chuvas de verão a mudança contínua pela qual tudo irá passar nesse e nos próximos meses. Quando, sorrateiramente, o bafo das tardes vai se incorporando ao nosso dia-a-dia, e com o corpo cansado depois de um dia agitado somos obrigados, cada vez mais frequentemente, a ligar os barulhentos ventiladores, nossa alma parece ser subitamente invadida por uma alegria que não se transforma em sorrisos nem em gestos cordiais, por uma felicidade tão incompreensível que nem mesmo os coordenados movimentos de nossos corpos são capazes de transformar em algo coerente.

Mas talvez seja justamente por isso que amamos tanto o verão - nada que amamos pode ser passível de qualquer sentido. Amamos, simplesmente, por mais inconcebível que seja o que amamos. E, estranho como ele é, com suas praias lotadas de guarda-sois, com seu calor escaldante derretendo o asfalto das ruas, cegando nosso olhar sobre todas as coisas, eu amo o verão.

E não como essas paixões frívolas, que vem e vão sem nem mesmo podermos controlá-las - a minha paixão pelo verão vem desde os meus tempos mais remotos, quando, ainda criança, passava as tardes olhando pela janela de meu quarto a cidade inteira queimando, em sua imensidão, sob os raios quentes do sol: aquela imagem me pareceu sempre tão poética, tão viva em sua forma e em suas cores, que nunca fui capaz de esquecê-la. E como essa imagem, também o refrescante sorvete de limão durante a tarde à sombra da primavera do quintal, os pés molhados pelas agressivas águas do mar, o cheiro meloso de protetor solar sobre a pele, o verão em suas formas mais curiosas e adoráveis.

E novamente então, todas essas incríveis sensações reunidas em meses que se seguirão, dia a dia daqui para frente. Por que não saudá-lo com um olá de boas-vindas, por meio de um post de um blog?

Ah, saudoso verão!...


domingo, 5 de dezembro de 2010

Cai a chuva, de chuvas sensações...

Que estranhas sensações não nos vem ao simplesmente olharmos a chuva?

Percebi isso com grande surpresa esses dias, enquanto, da minha varanda, sentado em minha rústica cadeira de madeira, eu olhava a chuva caindo, avassaladora, sobre a massa de concreto da cidade, lavando as paredes dos prédios, os telhados, os asfaltos da rua, e criando uma atmosfera de confortável solidão. Não que a solidão seja algo que me agrade, mas a solidão da chuva... essa solidão me agradou imensamente.

Era como se, por alguns breves minutos, todas as minhas preocupações estivessem sendo diluídas com a água, indo-se embora pelas calhas das casas, pelas calçadas da rua, pelos bueiros da cidade. Dentro de mim parecia sobrar um vazio fresco, rejuvenescedor, descomprometido do mundo. Não mais a desconcertante política, não mais as brigas mal resolvidas, não mais a miséria, as desgraças do mundo: somente a chuva, a chuva, a chuva, e nada mais.

No entanto, é justamente nesse momento que o hiato que somos se torna ainda mais evidente. O sol parece dar-nos uma razão; a chuva, o vazio interminável, o que há por detrás dos ossos de Lucy ou do ovo de uma galinha. O universo inteiro parece dentro das gotas d'água, as gotas d'água todas dentro de nós.

E quando a chuva passa... De novo retornam os momentos vividos, com um peso insuportável o mundo retorna aos nossos ombros, leva-nos ao chão, novamente a realidade de olhos amarelos e de raios aos quais não podemos olhar. 

A chuva se vai, vão-se as tranquilas inquietações, o vazio confortável. Mas como um sonho que se acaba, resta-nos a lembrança de termos sonhado, e a certeza de um novo sonho que ainda está por vir.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sobre este blog

Acreditem, o objetivo deste blog não é tentar criticar o mundo, discutir os assuntos em pauta no momento, lançar um olhar inquisidor sobre a política, nem muito menos divulgar eventos interessantes na cidade, trazer informações sobre o que fazer nos finais de semana prolongados ou coisas do tipo. O intuito deste blog é tentar atingir uma parte de todos nós que não conhecemos muito bem, mas que carregamos sempre conosco, infalivelmente, em nosso dia-a-dia, em nossas decisões, em nossos momentos mais delicados ou mais insignificantes - as sensações.

E onde moram as sensações? Bem ao lado dos pensamentos e incrivelmente distantes da razão, na atmosfera conturbada de algum lugar que não conseguimos saber bem onde fica, mas que sabemos existir, sem dúvida alguma. Em algum ponto dentro de nós, submerso às nossas aparentes certezas e verdades incontestáveis, existem mundos que se desdobram em suas explosões de cores, formas, cheiros, medos, alegrias, frustrações, palpáveis como são as coisas mais abstratas. São nesses mundos submersos que eu convido você, caro amigo desconhecido, mas velho companheiro das sensações, a mergulhar comigo por meio das páginas deste blog.

Não me considere pretensioso, de modo algum pretendo eu ser o entendedor de seus sentimentos. Mas por que não dividir sensações? Quantos homens não viram girassois, mas ninguém os viu como Van Gogh os viu.

E como não sou Van Gogh (longe disso, meu caro, longe disso), me restam apenas as palavras, e com as palavras vamos caminhar juntos nessa viagem.

Bem-vindo ao Submersos Mundos Submersos.